O Cristo inerte preso à cruz
A luz da vela que o reduz
À sombra triste na parede entrecortada
Dos lábios solta-se indulgente
A pressa inútil do não crente
Entre palavras que por si não dizem nada
Não fui eu
Não fui eu
Não deixei a porta aberta
Não fui eu
Não fui eu
Ficou-me a casa deserta
Ah como fugidio rumor
De passos que no corredor
Induzem na minha alma a dor da esperança vã
Sinais do tempo a humedecer
A voz que teima em enroquecer
E o corpo dorido pela noite no divã
Não fui eu
Não fui eu
Não deixei a porta aberta
Não fui eu
Não fui eu
Ficou-me a casa deserta
Como esta febre me destroí
Perdido o amor quanto me doi
Desceste em mim o cruel manto de tristeza
Em cada noite morre o amor
Que a solidão faz-se maior
Mal amanhece e volta o medo que anoiteça
Não fui eu
Não fui eu
Não deixei a porta aberta
Não fui eu
Não fui eu
Ficou-me a casa deserta
Não fui eu...
Jorge Fernando, by Ana Moura
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