domingo, 13 de abril de 2008

José Maria Vieira Mendes, 32 anos e tanto desalento

Estive a ler uma entrevista de José Maria Vieira Mendes, um autor de 32 anos, escreve peças, que nunca vi, e parece-me tão triste. Fala da vida com um desalento que me marcou. Não é a crueza das palavras ou dos pensamentos, mas antes os pensamentos em si, porque não me revi nesta geração de que fala, onde todos andamos em circulos, orfãos de figura paternal e maternal, em busca de um rumo desconhecido. Porque não sou assim. Pois não?!...

E aqui estou, também eu a escrever, porque o faço desde sempre, como escape e terapia. Não serei porventura o supra sumo da escrita, mas sou fiel e leal a mim, ao que penso e àquilo em que acredito. Porque vir à janela é importante. Sim, janela. Os blogues nada mais são do que janelas, onde os vizinhos, nos lêem e ficam a saber de nós. Os nossos blogues são janelas imensas, abertas, diria até escancaradas, para o interior de cada um de nós. Ler um blogue, é conhecer alguém. Em casa tenho textos imensos, escritos na era pré-internet e pré-blogue (e eu fui das últimas bloguistas, decididamente) dos momentos marcantes. Ou seja, a minha janela é já muito velhinha! Primeiro foram os poemas, porque os problemas amorosos da infância e juventude, à data os maiores do mundo, só podiam ser descritos em poema, só assim faziam sentido. Mais madura veio a prosa, fruto da forma como falo, infindável, a prosa serve -me como uma luva. A dificuldade é conseguir escrever à velocidade a que penso. Também na casa dos vinte anos escrevi muito! O divórcio dos meus pais, a morte do meu avó, de um amigo, da Bolas, tudo gravado em palavras, vezes sem fim, ainda hoje reler os textos de então é sofrer da mesma forma, é sentir o que senti nessa altura, é reviver o que nem sempre se quer. Hoje, o blogue... Também veio como forma de guardar o importante, de ouvinte silencioso, de alma fora do corpo.Mas uma alma, que muito embora não esteja sempre alegre, permanece idealista. Que sonha! Que almeja!

Não, não faço parte desta geração de que o José Maria Vieira Mendes fala. Decididamente que não. Porque apesar de tudo o que está mal, apesar da lucidez extrema e do feitio complicado, consigo ainda assim ser feliz, estar feliz, ficar feliz. Por mim, por vocês e por todos aqueles que algures são felizes. Ando em circulos, claro, mas não chego a ficar tonta...




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